quinta-feira, agosto 24, 2006

Flores de plástico...

Hoje sinto-me, sinto-me... Como me sinto? Não, não me sinto vazia, trata-se antes de uma espécie de alienação em relação ao mundo exterior. Sinto-me incapaz de fazer o que quer que seja. Aquando deste estado os dias surgem-me sempre iguais... Já sei o que vai acontecer a seguir, o ciclo tão minucioso termina e recomeça novamente. A inércia tenta tomar conta de mim, mas eu não o permito.
Estou aqui mas estou ausente. Olho tudo com tanta atenção mas não vejo nada. Toco mas não sinto. Respiro fundo mas as coisas não exalam aroma nenhum, ou será que sou eu que não os reconheço? Talvez tenha andado a plantar flores de plástico...

Flores de plástico...
porque todos gostam tanto delas? Só servem para turvar os sentidos...
Porque teimas em plantar uma diferente todos os dias, se elas são todas iguais? Porque, todos os dias, lhe deitas água? Acreditas no seu crescimento... eu sei. Vives na sala do Faz-de-conta e quando a Razão bate à porta finges não ouvir e preferes continuar a acreditar naquilo em que acreditas há anos.
Porque receias a mudança? Sempre preferiste o imutável... para quê? Para te protegeres? Para poderes dizer “Sempre” e “Para sempre”? O agora já se tornou passado e o futuro é o agora... Tudo muda! É preciso chorar, rir, sentir, cair, erguermo-nos novamente e limpar as lágrimas... Isso sim, é por isso que anseio todos os dias! Pela força que daí advém!

Lá estás tu novamente. Vais para a varanda, pegas nas tuas flores de plástico e quando todos te olham finges sentir o seu perfume agradável, ficas deslumbrado com tamanha beleza, como se tratasse de uma beleza natural. Com o teu tacto finges sentir o seu toque aveludado e macio. Para quê? Para que os olhos dos demais vejam aquilo que tens? Mas todos sabemos que tu não tens nada!
Basta olhar para ti para se perceber que o teu jogo preferido sempre foi o faz-de-conta. Nunca usaste verdadeiramente os teus sentidos. Não tens lágrimas, não tens sorriso, não tens marcas nem cicatrizes, não tens impulso... apenas inércia... É a isso que tu chamas de vida?

Toma, aceita, é teu... Ofereço-te este lírio branco! Daqui a uns dias ele vai morrer, mas até lá podes desfrutar de tudo aquilo que ele tem para te oferecer... Podes sentir o seu perfume tão verdadeiro, podes sentir o seu toque como a seda, podes ver como a sua beleza é natural. Mas, ele vai acabar por morrer e tu não poderás fazer nada para o impedir.

Sentiste? A felicidade! A beleza! A crueldade! A injustiça! A intensidade! A imprevisibilidade! A fragilidade! A força! A efemeridade... da vida?

Depois disto pergunto-te: “Vais continuar a plantar flores de plástico?”


domingo, agosto 20, 2006

Sou todas as qualidades e todos os defeitos numa pessoa só...

Metes-me raiva... Metes-me raiva... Metes-me tanta raiva... Trazes contigo algo que me perturba, que me assalta, que me insulta... Sim, insulta. Porquê? Porquê, perguntas tu... Acabas de admitir que não me conheces... Insulta, sim, porque acabaste de, covardemente, usar uma arma que me fere, que me consegue MESMO ferir. Conseguiste entrar e isso não te perdoo... Vens com essa naturalidade de quem nunca sofreu, de quem enfrenta tudo e todos sem o menor medo, com a convicção de que não há nada que não possa estar ao alcance. E como te invejo por isso... Habituei-me a aparentar esse exacto sentimento com uma minúcia que se tornou automática e inconsciente. E nem imaginas a eficácia da minha máscara. Um por um, todos olham para mim e caem nela, acreditam, crêem. Porque ainda acham que se VÊ com os olhos... E entre nós os dois existe apenas uma diferença... é essa naturalidade de que falei. A precisão da minha capa consegue enganar-me até a mim. Sou fraca mas sou forte. Todos me olham assim. E é mesmo isso que quero e do qual não abdico por nada... Porque não foi à toa que batalhei... e que me desdobrei em não-sei-quantas vidas, em 1324872 erros e esperanças e medos e... ilusões e desilusões. Sabes que mais? SOU FORTE. E nem tu entras. PORQUE EU NÃO QUERO E NÃO DEIXO. Percebeste agora?.. Nem essa tua naturalidade irresistível me vai conseguir vendar os olhos, pelos quais lutei por ter até agora. Ou desvendar... Seja como for. NÃO. Porque mesmo que quisesse já não conseguiria tirar esta maldita capa, que se colou a mim de uma forma que sinto que mais tarde ou mais cedo me vai começar a sufocar... Mas para já... Continuo aqui, sozinha, rodeada de gente. Sozinha, numa autêntica multidão. Todos a quererem deixar a sua marca em mim e eu a gritar por dentro, de tanto me sentir só. Porque de marcas tou farta... cheia... e mesmo assim vês-me sorridente, convidando-te a entrar. Que simpática que ela é... Sou todas as qualidades e todos os defeitos numa pessoa só. E só TU poderás ver para além disso... E então temer-me... odiar-me... calar-me... ou amar. TU então me dirás.

VEJO por mim... Apesar de tudo. E isso nem TU me tiras... Porque sou... SÓ. E daí vem a minha força...

quarta-feira, agosto 16, 2006

pára Pára PÁra PÁRa PÁRA..ok..arranca!

Ic 19...ok,vamos começar o exercício mental...imaginem...mas têm mesmo de imaginar...São 7h50m da matina,é uma manhã abençoada pelo sol,saiem de casa mais cedo porque sabem que têm de atravessar essa selva chamada ic 19.Vão a curtir o vosso som e,quando vislumbram a tal selva,hoje não parece bem uma selva...há uns quantos rinocerontes mas não tantos quanto eram de esperar. -"Que sorte!não vou chegar atrasado!"- ouve-se alguém pensar alto.O exercício mental pára aqui!à medida que aceleram,aproxima-se um ecrã luminoso...e os rinocerontes começam a abrandar...aquela porcaria diz apenas "Trânsito lento ic19-pina manique,conduza com prudência",uma coisa que se lê em 5segundos,não concordam?mas não!!param em cima daquilo para terem a certeza do que está escrito!pah,n sei...desconfio que muitos deles ficam à espera que a Marisa Cruz apareça a anunciar os números do euromilhões ou alguém a fazer o resumo do jogo Beira Mar-Benfica (o que era de evitar...já toda a gente sabe que o Benfica perdeu...).É que só falta mesmo alguém com um comando na mão fora da janela do veículo a tentar mudar de canal!Meus amigos,aquilo é só um ecrãzito,é a merda de um ecrã luminoso que me rouba 5 minutos na estrada,ou mais!porque depois de se apereceberem q há trânsito lento começam a travar aí coisa de 1Km antes.Depois ainda se queixam que o ic 19 é este pára-arranca...não sei porquê...

sábado, agosto 05, 2006

Onde estou agora???

Hoje não estou aqui. Talvez ande a vaguear pela rua debaixo. Quando dou por mim subo a rua a correr. Volto. Mas torno a partir. Para onde? Nem eu sei! Ando a errar por aí sem rumo definido. Vou e venho. Percorro todos os locais existentes, muitos deles imaginários. Faço-me acompanhar por pessoas que pertencem a outra realidade, a outra era, por pessoas amigas e por pessoas desconhecidas. Enquanto falas percorro mil e uma terra, estou com mil e uma pessoa, faço mil e uma coisa.

Perguntas a minha opinião acerca do assunto sobre o qual divagaste os últimos minutos. Tento aterrar rapidamente à tua frente e apanhar o fio à meada, para que não te apercebas por onde andei a passear. Sem sucesso…penso eu!
Para mim agora é tempo de dançar! Deslizo suavemente ao longo da pista. Eu e ele, à semelhança de uma malha, dançamos entrelaçados. Parecemos um só! Os nossos corpos movimentam-se simultaneamente e em concordância. Tudo é perfeito! Mas tu não compreendes este momento! Não és o único…

Digo algo sem sentido como resposta à tua pergunta, para que o teu esforço não tenha sido em vão. Ficas contente com o que digo. Realmente não escutaste as palavras que acabei de proferir. Alegras-te com o facto de estares a captar a atenção de alguém, a contar as tuas proezas, os teus actos que tu entendes como heróicos. Pensando bem, acho que não consegues enxergar para lá dos cinco centímetros que se adiantam à tua barriga. Sentes-te bem!
Como me sinto? Por onde ando? Não sabes… Não queres saber… Qual o interesse???
Continuas a divagar, agora sobre um novo assunto. Começas novamente a falar noutra língua que eu não reconheço e muito menos compreendo.

Para mim agora é tempo de cantar! Escuto a música, sinto-a, canto a plenos pulmões. Uma sensação de liberdade invade-me o espírito, envolve-me e faz-me chegar à nuvem mais alta. Regresso. Pelo caminho encontro vários desconhecidos…Claro que não te vejo entre eles! Mas tu não compreendes este momento! Não és o único…

Captas a minha atenção. Desligas a música. Tocas-me na mão e dizes alguma coisa indecifrável. Tento que os meus lábios obedeçam ao meu pensamento. Sem vontade é-me impossível. Finalmente consigo devolver-te um sorriso, não um sorriso rasgado mas um sorriso…
Cada vez parto mais depressa. Anseio por conhecer novos lugares, por visitar outros. Para mim agora é tempo para voar e alcançar a lua! Abro os braços e deixo-me ir ao sabor do vento. Flutuo sobre a terra observando tudo e todos, com muita calma, conhecendo ao pormenor tudo aquilo que me rodeia. Chego à lua! Visito todos os sítios que nela existem. Tento decifrar o seu magnetismo, o mistério que a envolve. Outro desafio… Mas tu não compreendes este momento! Não és o único…

Fazes-me sentir como se estivesse diante de um desconhecido que fala uma língua diferente da minha. És incapaz de entender o meu jeito, os meus desejos, os meus medos, as minhas alegrias. Olhas para mim e não consegues ver para além do muro que, sem querer, eu construí à minha volta. Olho para ti e faço um esforço para que te sintas bem na minha presença. Mas apercebo-me que nem isso vês… A tua mente concentra-se em ti, na tua pessoa, nos teus objectivos, nas tuas metas, nas tuas ânsias. Aprisionaste-a em ti de uma maneira tal que ela acabou por se acomodar. Pode ser que um dia ela se revolte. Quando isso acontecer talvez sejas salvo por ela… Mas, por agora, tu não compreendes os meus momentos! Não és o único…

Mas… quem é ele? Sim, ele que me observa do outro lado da rua… Ele que apenas com o seu olhar… Sinto-o a rasgar-me a pele! Sinto-o a percorrer todo o meu corpo! A apoderar-se de todos os meus sentidos! Sinto-o! É diferente! Como se atreve a invadir o meu espaço?! A saltar o muro…

- Quem te autorizou? Mas quem és tu? – pergunto eu…

- Vem acompanhar-me! Vem comigo conhecer novos lugares e visitar os antigos! Vamos contactar com novos povos e civilizações! Vamos dançar ao ritmo da vida! Vem comigo envolver-te na música, alcançar aquela sensação de liberdade que tu tão bem conheces! Vem voar e saltar sobre as nuvens! Vem sentar-te comigo na lua e apreciar o quão enigmática ela é!

Dou-lhe a mão. Partimos os dois sem destino, ao sabor da vida, como nos dá vontade naquele momento…

- Confio em ti porque me compreendes! Tiveste coragem e foste capaz de percorrer um longo caminho até que me conseguiste tocar. E és o único!!!