A primeira lágrima...
Ao passar pela marginal vi os teus pensamentos pairar sobre a praia. Libertaram-se da tua cabeça e ali andavam eles, a errar sem rumo definido até que tu tomasses conta da situação. Não estavas capaz… Inclinei-me sobre o volante na direcção do mar e lá estavas tu, sentado, de costas direitas… Olhavas o mar!
Olhos fixos…
ar inalterável, mas distante…
muito distante.
Por onde andarias tu?
Concentravas toda a tua existência nas ondas que ora iam ora vinham… partilhavas os teus segredos com elas, as tuas confidentes. Os teus silêncios que fechas todos os dias a cadeado para não permitires que nenhum intruso os veja, os sinta, os tome de ti…
Percorro todo o areal até chegar a ti, sentes-me a aproximar. Desaperto as sandálias e deixo-as cair. Agacho-me e contemplo o mar, as ondas, sobre elas vêm todos os teus segredos disfarçados pela espuma da rebentação… Fito-as, aprendo a olhar e a ver…
Tu… Eu…
Tu… Eu…
Tu… inquieto…
Tu… ansioso…
Tu… em desassossego…
tentas mandar embora as ondas, mas elas rebentam na areia, cada vez com mais força, deixando impressos os teus sonhos, os teus segredos… ali, mesmo à beira-mar para quem queira ver, para quem os queira conhecer, para que quem voe sobre o areal os possa ler... De longe parecem bem pequenos, tenho a certeza, insignificantes até... Mas eu estou a conhecê-los de perto… bem de perto…
Olho-te nos olhos, agora já te “sei”! Estás transparente por dentro, diante de mim. Sentes-te desconfortável, mas não há nada que possas fazer para reverter a situação. Abotoas os botões do casaco até ao queixo mas continuas… nú! Observo-te com os meus olhos perspicazes, dispo-te a máscara, esmiúço o teu interior… a parte de ti que ninguém conhece. Até mesmo tu já não te recordas dela, de tanto que a tentas encobrir! Apercebeste que não há nada a fazer a não ser admitir aquilo que sentes…
Torno a contemplar o mar e perco-me naquela imensidão. Sinto desejo! Olho para o céu e vejo a lua. Sinto-me agitada! Faço amor contigo ali mesmo, debaixo de um céu estrelado que o mar reflecte como um espelho. Mergulho naquele mar tão calmo e tão impetuoso!
Serás tu?
Será o mar?
Serei eu?
Quanto terminamos beijo-te nos lábios e levanto-me. Um beijo rápido. Parto sem sequer me voltar…
Deixas cair uma lágrima…
Agora conheço a tua “transparência interior”. Mostras a tua fragilidade.
Mas tu…
tu és um homem e os homens dizem-se fortes,
tão fortes,
tão fortes que chegam a ser os seres mais frágeis que existem!
Preferem um nó na garganta ao cair de uma lágrima.
Preferem ser agressivos ao demonstrar o quanto se sentem magoados.
Preferem mostrar que se sentem bem, manter uma mascara imperturbável e fingir um sorriso ao invés de te olharem nos olhos e terem a coragem de dizer: “fazes-me falta!”
Oiço a tua lágrima cair por entre os grãos de areia… volto-me para ti, mas… acho que sou “forte”, tão “forte”que…
sou incapaz de dizer o que me vai na alma,
as palavras morrem-me na garganta!
um grito mudo escapa por entre os meus lábios mas o meu medo logo o cala e tu não ouves nada…
tão forte,
tão forte,
tão forte que…
sigo o meu caminho… e fujo….
amanha não te conheço!*
1 Comments:
Incrivel como é esta a realidade dos dias de hoje...a parte fisica é a mais importante e a que a maioria quer.. o que vier é lucro lol
a gaja é q é a fria, entao o rapaz aperta o casaco ate ao queixo e ela anda de sandalias??
lool :p
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