sábado, agosto 05, 2006

Onde estou agora???

Hoje não estou aqui. Talvez ande a vaguear pela rua debaixo. Quando dou por mim subo a rua a correr. Volto. Mas torno a partir. Para onde? Nem eu sei! Ando a errar por aí sem rumo definido. Vou e venho. Percorro todos os locais existentes, muitos deles imaginários. Faço-me acompanhar por pessoas que pertencem a outra realidade, a outra era, por pessoas amigas e por pessoas desconhecidas. Enquanto falas percorro mil e uma terra, estou com mil e uma pessoa, faço mil e uma coisa.

Perguntas a minha opinião acerca do assunto sobre o qual divagaste os últimos minutos. Tento aterrar rapidamente à tua frente e apanhar o fio à meada, para que não te apercebas por onde andei a passear. Sem sucesso…penso eu!
Para mim agora é tempo de dançar! Deslizo suavemente ao longo da pista. Eu e ele, à semelhança de uma malha, dançamos entrelaçados. Parecemos um só! Os nossos corpos movimentam-se simultaneamente e em concordância. Tudo é perfeito! Mas tu não compreendes este momento! Não és o único…

Digo algo sem sentido como resposta à tua pergunta, para que o teu esforço não tenha sido em vão. Ficas contente com o que digo. Realmente não escutaste as palavras que acabei de proferir. Alegras-te com o facto de estares a captar a atenção de alguém, a contar as tuas proezas, os teus actos que tu entendes como heróicos. Pensando bem, acho que não consegues enxergar para lá dos cinco centímetros que se adiantam à tua barriga. Sentes-te bem!
Como me sinto? Por onde ando? Não sabes… Não queres saber… Qual o interesse???
Continuas a divagar, agora sobre um novo assunto. Começas novamente a falar noutra língua que eu não reconheço e muito menos compreendo.

Para mim agora é tempo de cantar! Escuto a música, sinto-a, canto a plenos pulmões. Uma sensação de liberdade invade-me o espírito, envolve-me e faz-me chegar à nuvem mais alta. Regresso. Pelo caminho encontro vários desconhecidos…Claro que não te vejo entre eles! Mas tu não compreendes este momento! Não és o único…

Captas a minha atenção. Desligas a música. Tocas-me na mão e dizes alguma coisa indecifrável. Tento que os meus lábios obedeçam ao meu pensamento. Sem vontade é-me impossível. Finalmente consigo devolver-te um sorriso, não um sorriso rasgado mas um sorriso…
Cada vez parto mais depressa. Anseio por conhecer novos lugares, por visitar outros. Para mim agora é tempo para voar e alcançar a lua! Abro os braços e deixo-me ir ao sabor do vento. Flutuo sobre a terra observando tudo e todos, com muita calma, conhecendo ao pormenor tudo aquilo que me rodeia. Chego à lua! Visito todos os sítios que nela existem. Tento decifrar o seu magnetismo, o mistério que a envolve. Outro desafio… Mas tu não compreendes este momento! Não és o único…

Fazes-me sentir como se estivesse diante de um desconhecido que fala uma língua diferente da minha. És incapaz de entender o meu jeito, os meus desejos, os meus medos, as minhas alegrias. Olhas para mim e não consegues ver para além do muro que, sem querer, eu construí à minha volta. Olho para ti e faço um esforço para que te sintas bem na minha presença. Mas apercebo-me que nem isso vês… A tua mente concentra-se em ti, na tua pessoa, nos teus objectivos, nas tuas metas, nas tuas ânsias. Aprisionaste-a em ti de uma maneira tal que ela acabou por se acomodar. Pode ser que um dia ela se revolte. Quando isso acontecer talvez sejas salvo por ela… Mas, por agora, tu não compreendes os meus momentos! Não és o único…

Mas… quem é ele? Sim, ele que me observa do outro lado da rua… Ele que apenas com o seu olhar… Sinto-o a rasgar-me a pele! Sinto-o a percorrer todo o meu corpo! A apoderar-se de todos os meus sentidos! Sinto-o! É diferente! Como se atreve a invadir o meu espaço?! A saltar o muro…

- Quem te autorizou? Mas quem és tu? – pergunto eu…

- Vem acompanhar-me! Vem comigo conhecer novos lugares e visitar os antigos! Vamos contactar com novos povos e civilizações! Vamos dançar ao ritmo da vida! Vem comigo envolver-te na música, alcançar aquela sensação de liberdade que tu tão bem conheces! Vem voar e saltar sobre as nuvens! Vem sentar-te comigo na lua e apreciar o quão enigmática ela é!

Dou-lhe a mão. Partimos os dois sem destino, ao sabor da vida, como nos dá vontade naquele momento…

- Confio em ti porque me compreendes! Tiveste coragem e foste capaz de percorrer um longo caminho até que me conseguiste tocar. E és o único!!!

1 Comments:

Blogger Marina said...

É tão dificil encontrar pessoas dispostas a esperar que quando o fazem por nós obrigatoriamente têm que nos tocar... Adorei. Obrigado por este post

outubro 17, 2006  

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