sábado, janeiro 13, 2007

As aparências iludem...

Observo. Hoje sinto-me calma, sem aquela agitação interior que costuma ser uma constante na minha vida. É um daqueles dias em que decido ser apenas um espectador passivo que assiste ao filme da vida! Tento compreender um pouco mais aqueles que me rodeiam.

A senhora que se encontra sentada à minha frente aparenta um ar confiante, diria inabalável mesmo, decidida e, ao mesmo tempo, distante de tudo e de todos à sua volta. Admiro estas pessoas. Não permite que nada, nem ninguém interfira na sua vida, assim sem mais nem menos.
O seu telemóvel toca. Ela atende e responde a alguém que se encontra do outro lado da linha. A sua voz é reticente e triste, revela indícios de fraqueza. Todo o seu ar imponente se desmoronou de um momento para o outro, aquando do término do seu silêncio.


Fui a única que me apercebi do que sucedeu? Ou todos os presentes se aperceberam mas decidiram fingir o contrário, para não causar mal-estar e ainda mais insegurança à dita senhora?
Ela dá informações acerca do número do quarto do hospital de algum indivíduo seu conhecido, refere qual a hora da visita e desliga.


Agora olho para ela e vejo uma mulher que também tem os seus medos interiores, inseguranças e falta de confiança no futuro, como tantos outros homens e mulheres que os tentam esconder, dia após dia. Para enganarem os outros? Para se enganarem a eles próprios? Para adquirir a força e a auto-confiança necessárias para seguir em frente e para alcançar os seus objectivos? Não interessa o porquê! Interessa sim aquilo em que eles acreditam e que realmente consigam viver o futuro da melhor maneira e com boa disposição!

Aquela mulher, agora transparente diante dos meus olhos, apenas com o acto de comunicar deitou por terra todas as características que dela emanavam. Todas as qualidades/defeitos que saltavam à primeira vista foram abaladas.

As aparências iludem, como diz o ditado. E não é que iludem mesmo???