domingo, julho 13, 2008

No limiar da loucura...



… no limiar da loucura,
Abomino os teus pensamentos,
Fundo-me com os teus sentidos.
Sinto-te por baixo da minha pele.
Pertences-me mesmo sem o saberes.
Nunca o saberás!
Para mim trespassas as tuas dores.
Há uma parte de mim que perece…
Tu cresces!
Odeio-te…
Odeio-me…
Enlouqueço!

Respiro choros desconsolados e incontroláveis,
(serão meus?!)
Que me chegam ao cérebro e me inundam os neurónios,
Afogam-nos, fazem-nos ficar inconscientes.
Sinto a ondulação na minha cabeça.
Os pensamentos bóiam, vão e vêm e não chegam a lado nenhum.
As palavras fogem-me pelos ouvidos,
As recordações dissipam-se em vapores e chegam ao céu!
Todos os meus poros transpiram palpitações.
O coração escapa-se-me pela boca,
É grande demais para ficar no meu minúsculo peito.
As minhas palavras colidem contigo,
Interceptam-te o voo,
Desequilibras-te e cais!
A culpa é minha!
O meu coração rasa-te a cabeça…
Não o vês mas sentes a tristeza que passa por ti…
Sinto-me vazia.

No limiar da loucura…
Vagueio pela casa a horas mortas!
Sou um fantasma que se arrasta pelo mundo,
Que apenas sobrevive,
O tempo gasto em inutilidades…

Amo estes pedaços de papel que reflectem recordações.
Amo os sonhos que ainda pairam no ar, repercutidos pela cegueira de não saber viver…
A ilusão do tudo que esmorece no nada…
Desejo, de novo, o sentido das coisas,
Desejo o saber viver!
Desejo o saber amar!
Reprovo a impulsividade, a insensibilidade, o egoísmo, o orgulho, a inteligência e amo-as à minha estranha maneira!
Detesto-as!
Reprovo o altruísmo, a protecção, a equidade, e sinceridade… o excesso.
E sempre e mais uma vez o excesso!
Pedaços de nós que se escapam de um abraço apertado.
Pairam sobre a nossa cabeça e não reconhecemos aquilo que nos pertence…

Duas personagens sem nome, distantes, que se tocam mas não se sentem.
Figuram na história. Vivem no limiar da loucura…
Explodem por dentro!
Sorrisos que instigam novos sorrisos,
Brasas ateadas ao invés da alma,
Queimaduras que nunca cicatrizam.
Olhos que transparecem alegria.

As pessoas especulam e não entendem
Nunca entendem nada… as pessoas!
Alheadas no seu próprio mundo
Vêem apenas o que querem ver.
Ouvem murmúrios a sua volta e todos eles significam o mesmo
E eles? Eles vão enlouquecendo…

Um pássaro voa no céu…
Eles seguem-no sem sequer repararem um no outro.
Ambos repousam na sombra, lado a lado, sem sentir a presença alheia.
Voam,
Cansam-se,
Repousam,
Acham-se sozinhos,
Cruzam-se…

Nas margens do tempo… fingem não se querer mas pertencem um ao outro,
Unem-se num ósculo libidinoso,
Fundem as almas numa explosão voluptuosa.
Tensão! Entusiasmo! Vivacidade! Excitação!
O clímax!

No quotidiano nunca o permitiriam...

Voltam de novo à vida débil e alienada
O episódio repete-se…
Voam,
Cansam-se,
Repousam,
Acham-se sozinhos

Nesta vida, o orgulho?! o medo?! não lhes permite aproximações.

Silêncio…

Escuridão…

Asfixia…

Insipidez…

Insensibilidade…

E por fim… a morte!