Labirinto
Perdida na noite encontro um olhar a chamar por mim… Esse olhar cativa-me e faz-me chegar mais perto. Á medida que me aproximo oiço um sussurro… Sim, ele está a falar comigo… Aproximo-me mais um pouco e percebo que ele me está a contar histórias. É maravilhoso… São histórias de uma vida repleta de sedução, loucura e êxtase! A esta altura estou vidrada, o que me conta é fascinante e começa a causar em mim o ciúme… de quê? De não ser parte dessas histórias, de nenhuma das minhas histórias se assemelhar ao que estou a ouvir… Ele percebe isso mesmo e convida-me a acompanhá-lo. Eu não penso duas vezes, vou sem hesitar. Estou demasiado apaixonada e envolvida em todo aquele novo mundo que se estende cada vez mais á minha frente. Não posso recusar, foi tudo o que sempre desejei, tudo com que sempre sonhei e quando dou por mim já estou a andar a seu lado. Já não é só um olhar… já é um sorriso, já é uma mão que agarra a minha, já não há noite ou dia, já não existe tempo, tudo o que vejo é um céu aberto a novas probabilidades…
Ele continua a falar, a minha boca não se abriu uma única vez desde o início. Eu continuo a escutar… a sua mão larga a minha e é o seu braço que envolve os meus ombros. Eu continuo a andar sem nunca parar. Estou mais feliz que nunca, estou a ser parte da sua história, estamos a criar uma juntos. Finalmente larguei o mundo em que vivia, juntos estamos a construir outro novo, á nossa medida, á medida dos nossos olhares e desejos. Nada mais importa…
Já não preciso de mais nada, larguei tudo, estou completamente em transe e sigo aquele homem para todo o lado. A minha boca abre-se para soltar um “obrigado” e ele pergunta por o quê! Eu respondo: “Por me dares a hipótese de finalmente ter a minha história.”
Percorremos tanto… Ora subíamos, ora descíamos, ora esbarrávamos em paredes, mas não fazia mal, estávamos juntos e isso era o que importava. Custasse o que custasse, doesse o que doesse o meu único objectivo era que nunca nos separássemos, afinal era para isso que ali estávamos não era? Á procura do nosso caminho, a criar a nossa história…
A certa altura comecei a ficar cansada de tanto andar, comecei a perceber que já tinha passado várias vezes nos mesmos sítios e que já tinha esbarrado várias vezes nas mesmas paredes. Perguntei: “Estamos perdidos?” e ele respondeu-me: “ Claro que não, só estou a procurar um sítio lindo para descansarmos”.
Eu continuei a seu lado, mas mais paredes vieram, mais subidas e descidas e nada de pararmos. Comecei a enlouquecer, precisava de parar, não queria andar mais, mas continuava pelo amor que tinha àquele homem. Não o podia abandonar, não seria capaz de voltar a enfrentar o mundo sem ele… Os meus olhos eram os dele e sem ele era cega!
Parei diante de uma das paredes… esta era particularmente diferente, era feita de um vidro espelhado e eu aproximei-me. O que vi assustou-me… Do outro lado estava uma imagem de alguém que gritava e esbracejava mas nada conseguia entender. Parecia estar a sofrer, mas como poderia eu ajudá-la? Ela afastava-se cada vez mais, parecia estar a ser arrastada, mas resistia e continuava a fazer gestos e a tentar dizer alguma coisa que eu não percebia. O homem ao meu lado pedia-me que ignorasse, que não ligasse, mas como poderia eu ignorar tamanho sofrimento?
Agarrei a primeira pedra que vi e atirei-a contra o espelho… nos segundos seguintes revivi toda a minha vida e quando acabou estava do outro lado do espelho com as lágrimas correrem-me pela face. Tinha percebido tudo…
Era a outra parte de mim que gritava para que a libertasse, era a minha verdadeira essência que me pedia que não a matasse… Aquela imagem em sofrimento era eu. Por isso a próxima vez que disseres que ninguém sabe nada sobre ti, lembra-te da menina que viveu no labirinto da tua mente. A partir de hoje eu sou o teu espelho e tu és a minha história…
Ele continua a falar, a minha boca não se abriu uma única vez desde o início. Eu continuo a escutar… a sua mão larga a minha e é o seu braço que envolve os meus ombros. Eu continuo a andar sem nunca parar. Estou mais feliz que nunca, estou a ser parte da sua história, estamos a criar uma juntos. Finalmente larguei o mundo em que vivia, juntos estamos a construir outro novo, á nossa medida, á medida dos nossos olhares e desejos. Nada mais importa…
Já não preciso de mais nada, larguei tudo, estou completamente em transe e sigo aquele homem para todo o lado. A minha boca abre-se para soltar um “obrigado” e ele pergunta por o quê! Eu respondo: “Por me dares a hipótese de finalmente ter a minha história.”
Percorremos tanto… Ora subíamos, ora descíamos, ora esbarrávamos em paredes, mas não fazia mal, estávamos juntos e isso era o que importava. Custasse o que custasse, doesse o que doesse o meu único objectivo era que nunca nos separássemos, afinal era para isso que ali estávamos não era? Á procura do nosso caminho, a criar a nossa história…
A certa altura comecei a ficar cansada de tanto andar, comecei a perceber que já tinha passado várias vezes nos mesmos sítios e que já tinha esbarrado várias vezes nas mesmas paredes. Perguntei: “Estamos perdidos?” e ele respondeu-me: “ Claro que não, só estou a procurar um sítio lindo para descansarmos”.
Eu continuei a seu lado, mas mais paredes vieram, mais subidas e descidas e nada de pararmos. Comecei a enlouquecer, precisava de parar, não queria andar mais, mas continuava pelo amor que tinha àquele homem. Não o podia abandonar, não seria capaz de voltar a enfrentar o mundo sem ele… Os meus olhos eram os dele e sem ele era cega!
Parei diante de uma das paredes… esta era particularmente diferente, era feita de um vidro espelhado e eu aproximei-me. O que vi assustou-me… Do outro lado estava uma imagem de alguém que gritava e esbracejava mas nada conseguia entender. Parecia estar a sofrer, mas como poderia eu ajudá-la? Ela afastava-se cada vez mais, parecia estar a ser arrastada, mas resistia e continuava a fazer gestos e a tentar dizer alguma coisa que eu não percebia. O homem ao meu lado pedia-me que ignorasse, que não ligasse, mas como poderia eu ignorar tamanho sofrimento?
Agarrei a primeira pedra que vi e atirei-a contra o espelho… nos segundos seguintes revivi toda a minha vida e quando acabou estava do outro lado do espelho com as lágrimas correrem-me pela face. Tinha percebido tudo…
Era a outra parte de mim que gritava para que a libertasse, era a minha verdadeira essência que me pedia que não a matasse… Aquela imagem em sofrimento era eu. Por isso a próxima vez que disseres que ninguém sabe nada sobre ti, lembra-te da menina que viveu no labirinto da tua mente. A partir de hoje eu sou o teu espelho e tu és a minha história…
1 Comments:
que é que eu posso dizer?q me sinto cada vez mais pequena ao pé destas escritoras que se revelam a cada post que partilham connosco?acho que sim,é isso,sou pequenina mas viciada nestas leituras...e só por isso vou partilhar uma cena que encontrei de um senhor chamado David Mourão Ferreira
"Não indagues agora se o meu corpo
Se contenta só corpo no teu corpo
Ou se busca atingir todos os corpos
Que no fundo residem num só corpo.
Mas indaga sem pausa além do corpo
O finito infinito desses corpos"
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