AnJo CaIdo
Certa noite um anjo desceu á Terra e abraçou-me, no calor da madrugada envolveu-me num doce beijo de amor eterno.
No momento em que me beijou o mundo á minha volta parou, soube de imediato que estava envolvida de corpo, alma e coração naquele ser tão divino quanto misterioso. Nada mais me ligava a ele senão aquele estranho sentimento de segurança e paz que no calor da madrugada me dava.
Podia ter ficado por ali, podia não ter passado de um sonho, mas eu quis descobrir quem era aquele anjo que me roubou o coração no primeiro olhar.
Á medida que o tempo passava eu sentia-me mais envolvida nas suas asas, presa ao seu corpo, mais petrificada com o seu olhar e mais desligada deste mundo. Tudo o que queria era nunca mais acordar daquele sonho...
Era ali que queria estar, era aquela a vida que queria viver, cada vez mais sentia que aquele era o meu mundo e nada nem ninguém me poderia dali tirar.
O meu anjo passou a ser tudo o que tinha, tudo o que via, o centro das minhas atenções, o bebé a quem dava tudo o que tinha, a quem dedicava todo o meu amor, carinho e afecto, a luz do meu dia, a razão do meu viver... O meu sonho passou a ser minha realidade! Obviamente estava cega pelo amor que nas minhas veias corria e fervia pois tudo o resto deixou de existir.
Que poderia mais eu querer, que poderia mais eu pedir se tudo o que queria, desejava, tudo o que mais amava, tudo em que acreditava estava ali, naquele ser meio divino, meio diabólico que dia após dia e noite após noite me dava tudo o que queria e precisava para ser feliz?
De nada mais precisava, nada mais queria... Ele estava ali sempre alerto num olhar permanente para me proteger quando me tentassem magoar, para me chamar á atenção quando alguma atitude menos benéfica de mim partisse, para me repreender quando errasse e para me dar todo o carinho, amor e amizade quando fosse a mulher que ele esperava.
Levou-me á loucura, mostrou-me o amor no seu estado mais divino, ensinou-me a viver num mundo que quase desconhecia, deu-me anos de vida com as suas palavras, deu-me consciência com seu racionalismo, fez-me pensar e acreditar no futuro que se aproxima, Fez-me sonhar com as suas ideias, deu-me a certeza de que podia voltar a acreditar em alguém, fez-me vibrar com as suas noites, alucinar com os seus dias... Moldou-me á sua maneira, fazendo de mim a segunda parte de si, uma menina igual a si...
Tudo o que adorava, tudo o que me orgulhava, tudo o que idolatrava, tudo o que desejava ser e ter estava naquele anjo por quem eu morria para que ele vivesse.
Já nada fazia sentido se ele não estivesse, já o mundo em que vivia tinha perdido a sua razão se ele me faltasse, já não comia, já não respirava se ele não estivesse... Em todas as horas e momentos de fraqueza e tristeza ele estava comigo, em todas as horas de desabafo e saturação era ele que me ouvia. Dei tudo de mim àquele ser, pus o rumo da minha vida nas suas mãos, ajoelhei-me a seus pés para que nunca me deixasse, mas a sua hora chegou e ele partiu tão subitamente quanto apareceu.
O céu falou mais alto, o seu antigo mundo que nunca do seu pensamento saíra foi mais forte que o meu amor e sem razão ou explicação ele abandonou-me da forma mais fria e brutal possível.
O que um dia fora um mundo só nosso desvaneceu-se, ele voou, eu caí desamparada no frio chão do sofrimento e nada restou de nós para além da amargura da recordação.
Dizendo também sofrer, deu a sua missão como cumprida e eu não acreditando, dei a minha vida como perdida.
Lutei por voar, mas nunca cheguei tão alto quanto ele, ficou no ar uma névoa de mentira, revolta e dor que nos separa como uma barragem separa as fortes correntes de água. O único fiozinho que ainda corre é o fio imaginário das lembranças que nos perseguem e matam a cada segundo.
A loucura acabou e seguiu-se a mais dura e fria realidade... Tudo o que vivi não passou de uma ilusão criada pela triste e cega ingenuidade, o meu anjo foi e sempre seria um homem igual a todos os outros. A magia e a divindade fora eu quem as criara.
Agora olho-me ao espelho e no meio da tristeza e da dor descubro a minha parte de anjo, as marcas que ele deixou em mim a fogo, o seu ser estampado no meu, o seu olhar que agora é o meu.
Ele possivelmente acabará por perder o que de mim tem nele, recordações que o tempo apagará a cada dia da sua vida, sentimentos que a ausência se encarregará de desvanecer, sonhos que se perderão na nostalgia do passado, só uma coisa permanecerá... Cada vez que os nossos olhares se cruzarem, ele vai ver em mim o ser que ele foi durante uma parte da sua vida, verá em mim uma parte de anjo que ele foi, porque eu sou o anjo que naquela noite desceu á Terra, eu sou o seu espelho e pedra alguma o partirá...
No momento em que me beijou o mundo á minha volta parou, soube de imediato que estava envolvida de corpo, alma e coração naquele ser tão divino quanto misterioso. Nada mais me ligava a ele senão aquele estranho sentimento de segurança e paz que no calor da madrugada me dava.
Podia ter ficado por ali, podia não ter passado de um sonho, mas eu quis descobrir quem era aquele anjo que me roubou o coração no primeiro olhar.
Á medida que o tempo passava eu sentia-me mais envolvida nas suas asas, presa ao seu corpo, mais petrificada com o seu olhar e mais desligada deste mundo. Tudo o que queria era nunca mais acordar daquele sonho...
Era ali que queria estar, era aquela a vida que queria viver, cada vez mais sentia que aquele era o meu mundo e nada nem ninguém me poderia dali tirar.
O meu anjo passou a ser tudo o que tinha, tudo o que via, o centro das minhas atenções, o bebé a quem dava tudo o que tinha, a quem dedicava todo o meu amor, carinho e afecto, a luz do meu dia, a razão do meu viver... O meu sonho passou a ser minha realidade! Obviamente estava cega pelo amor que nas minhas veias corria e fervia pois tudo o resto deixou de existir.
Que poderia mais eu querer, que poderia mais eu pedir se tudo o que queria, desejava, tudo o que mais amava, tudo em que acreditava estava ali, naquele ser meio divino, meio diabólico que dia após dia e noite após noite me dava tudo o que queria e precisava para ser feliz?
De nada mais precisava, nada mais queria... Ele estava ali sempre alerto num olhar permanente para me proteger quando me tentassem magoar, para me chamar á atenção quando alguma atitude menos benéfica de mim partisse, para me repreender quando errasse e para me dar todo o carinho, amor e amizade quando fosse a mulher que ele esperava.
Levou-me á loucura, mostrou-me o amor no seu estado mais divino, ensinou-me a viver num mundo que quase desconhecia, deu-me anos de vida com as suas palavras, deu-me consciência com seu racionalismo, fez-me pensar e acreditar no futuro que se aproxima, Fez-me sonhar com as suas ideias, deu-me a certeza de que podia voltar a acreditar em alguém, fez-me vibrar com as suas noites, alucinar com os seus dias... Moldou-me á sua maneira, fazendo de mim a segunda parte de si, uma menina igual a si...
Tudo o que adorava, tudo o que me orgulhava, tudo o que idolatrava, tudo o que desejava ser e ter estava naquele anjo por quem eu morria para que ele vivesse.
Já nada fazia sentido se ele não estivesse, já o mundo em que vivia tinha perdido a sua razão se ele me faltasse, já não comia, já não respirava se ele não estivesse... Em todas as horas e momentos de fraqueza e tristeza ele estava comigo, em todas as horas de desabafo e saturação era ele que me ouvia. Dei tudo de mim àquele ser, pus o rumo da minha vida nas suas mãos, ajoelhei-me a seus pés para que nunca me deixasse, mas a sua hora chegou e ele partiu tão subitamente quanto apareceu.
O céu falou mais alto, o seu antigo mundo que nunca do seu pensamento saíra foi mais forte que o meu amor e sem razão ou explicação ele abandonou-me da forma mais fria e brutal possível.
O que um dia fora um mundo só nosso desvaneceu-se, ele voou, eu caí desamparada no frio chão do sofrimento e nada restou de nós para além da amargura da recordação.
Dizendo também sofrer, deu a sua missão como cumprida e eu não acreditando, dei a minha vida como perdida.
Lutei por voar, mas nunca cheguei tão alto quanto ele, ficou no ar uma névoa de mentira, revolta e dor que nos separa como uma barragem separa as fortes correntes de água. O único fiozinho que ainda corre é o fio imaginário das lembranças que nos perseguem e matam a cada segundo.
A loucura acabou e seguiu-se a mais dura e fria realidade... Tudo o que vivi não passou de uma ilusão criada pela triste e cega ingenuidade, o meu anjo foi e sempre seria um homem igual a todos os outros. A magia e a divindade fora eu quem as criara.
Agora olho-me ao espelho e no meio da tristeza e da dor descubro a minha parte de anjo, as marcas que ele deixou em mim a fogo, o seu ser estampado no meu, o seu olhar que agora é o meu.
Ele possivelmente acabará por perder o que de mim tem nele, recordações que o tempo apagará a cada dia da sua vida, sentimentos que a ausência se encarregará de desvanecer, sonhos que se perderão na nostalgia do passado, só uma coisa permanecerá... Cada vez que os nossos olhares se cruzarem, ele vai ver em mim o ser que ele foi durante uma parte da sua vida, verá em mim uma parte de anjo que ele foi, porque eu sou o anjo que naquela noite desceu á Terra, eu sou o seu espelho e pedra alguma o partirá...
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