Atreves-te?...

Traço-te um trago de luz. Ficas boquiaberto porque não consegues perceber como o faço… Tão simples, digo-te eu. Basta pensares nisso, fechares os olhos, VERES o que queres ver. Basta querer… Traço-te um trago de luz e continuas boquiaberto. Estarrecido. Passa-te pela cabeça que eu seja maluca. Leio-o na tua cara e sorrio. Digo “Maluca talvez, mas continuo a conseguir traçar-te um trago de luz…”. Continuo com a alma a sorrir e sei que hás-de perceber o que te quero dizer… o que te quero dar. Vem comigo, fecha os olhos, abre o espírito. Inspira como se fosse a primeira vez e terás um mundo novinho em folha à tua espera. Porque tudo o que te rodeia foi feito para ti, para que aprendas, para que ensines, para que te eleves, te sintas cor, vida, pássaro… para que te sintas luz. Para que sejas aquilo que quiseres. Inspira como se tivesses renascido…

Uma oportunidade. Uma porta aberta… entras? Diz-me o que vês diante deste novo campo… Sabias que vejo as coisas de tantas as cores quantas as vezes que fecho os olhos e os torno a abrir? Shiuu… Lembra-te que só consegues abraçar algo se tiveres os braços abertos, disponíveis. Ergo a cabeça para tentar voar mais alto e sinto, no entanto, os pés assentes na terra… como é isto sequer possível? Ergo-a tão alto que às vezes chego a sentir o vento a bater-me na cara, como se estivesse realmente lá no alto, sem qualquer ligação terrena… E depois… depois torno a descer, sinto falta da forma que tu tomaste, daquilo que os meus olhos conseguem ver, observar, apreciar. Fico eu estarrecida agora. Estarrecida e com a alma boquiaberta. Como os olhos também conseguem sentir saudades…

Interrompes o meu voo como poucos conseguem. Sabes interceptar o meu caminho de tal forma que eu continuo a voar, mas sem bater as asas. Sem esforço. Sem luta. Como gostava que quisesses voar também. Convenceste-te que não consegues, que não nasceste para isso… se soubesses como te enganas. Só voa quem realmente quer. Nada mais. Apenas o desejo de voar tem de ser maior que o medo de cair…

Abraça isto.

Toma estas asas… Atreves-te?